25 junho, 2011

Brisas - parte 1

Este eu escrevi no comecinho deste ano, havia até me esquecido, porém revirando umas coisas aqui o encontrei e resolvi postá-lo.

Cada um sabe a dor que carrega no olhar, que esconde no sorriso. Algumas pessoas têm uma mania errônea de julgar a dor, como se fosse algo que se coloca numa balança para ser pesado: “Ah, minha dor é maior do que a sua! Tenho mais motivos para reclamar!” Contudo, isso é mentira. Algumas pessoas – embora não saibam - suportam mais do que outras. Logo, a dor é algo relativo.
Antes que eu me estenda em digressões e mais digressões, paro por aqui, pois não é sobre a dor que eu quero falar, não agora. Mas sim sobre uma história, sobre várias vidas que por sorte, acaso, destino, seja o que for, se cruzaram em determinado momento, causando tanto coisas boas quanto ruins.

Vamos começar por um dia chuvoso. Ela estava apressada com a bolsa em uma mão e o guarda-chuva aberto na outra, caminhava sentido à estação.
Ao chegar e se dirigir para as catracas, descobriu que não precisava ter corrido tanto, podia até ter se arrumado, chegara muito cedo, mas agora não adiantava pensar nessas coisas, o que lhe restava era esperar e só. E assim o fez. Trinta minutos mais tarde gritam seu nome, mas não era quem ela esperava e sim alguns colegas que por acaso também passavam por ali. Conversaram até que ela avista ao longe, caminhando em sua direção, quem tanto esperava. Abre um sorriso e sai correndo de braços abertos, gesto típico do seu ser:
- Finalmente, cara! Achei que não viria mais.
- Que nada, a chuva que me atrasou. Mas claro que eu vinha, eu não disse isso? – o outro respondeu ainda abraçando-a – Vamos logo que já estamos bem atrasados.
E todos correram para dentro do trem cujas portas começaram a se fechar.


O começo – primeira vista

Agora eles caminhavam desajeitados embaixo do pequeno guarda-chuva que comportava ela, magra, não muito alta de cabelos lisos, ele também magro, porém mais alta do que ela, ainda mais arrumado do jeito que estava, e a guitarra. A pior parte já havia sido percorrida quando eles foram para a casa dele buscar as coisas que faltavam, num desce e sobe de ruas e ladeiras e depois a espera incessante pelo ônibus.
- Chegamos. – ele disse embora não precisasse, pois isso ela rapidamente constatara só de olhar para as pessoas que estavam na porta do Pub.
“Como eu devia ter me arrumado”; ela pensava enquanto cumprimentava as pessoas que ele apresentava è ela.
- Olha, esse aqui é teu vizinho! Mora lá para os seus lados também. – ele disse, apontando para um rapaz que se virava. Era um pouco mais alto do que ela, cabelos ondulados e um sorriso no rosto.
- Hey que demora, hein?! – cumprimentou o rapaz e olhando para ela – Oi, e aí?
- Essa aqui é a... – disse o primeiro.
Ela ficou olhando para ele por alguns instantes, alguns décimos de segundo para ser mais preciso e respondeu:
- Olha, é meu vizinho, é?!
- Pois é, você também é de lá? – respondeu ele.
Nesse instante algumas pessoas começaram a subir a escada que estava na frente deles. Ela decidiu fazer o mesmo, e ele também. Conclusão: se esbarraram na escada, não é de hoje que dois corpos não ocupam o mesmo lugar, logo, duas pessoas – mesmo que magras – não conseguem subir ao mesmo tempo uma escada estreita como era aquela.
- Foi mau. – disse ele com um sorriso no rosto – Pode subir se quiser – continuou, esticando um braço em direção a escada, e curvando o corpo, indicando que ela subisse. Ela riu e subiu.

Um comentário:

  1. gosto das coisas que você
    escreve!parece que você fala com quem ta lendo.

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