05 dezembro, 2010

Uma questão de ponto de vista

Há um ditado que diz que nunca se atravessa duas vezes o mesmo rio, pois, na segunda vez, ele não está igual à primeira; suas águas já correram. Esse jargão aplica-se também aos seres humanos, uma vez que as pessoas estão em constante mudança.
As situações vivenciadas, as pessoas com as quais convivemos, as coisas que aprendemos são fatores que impulsionam essa alteração. O ser humano está em constante aprendizado e o mundo que o cerca ajuda a desenvolver ideias e pensamentos. Contudo, não é um processo regular e de efeito igual para todos. Algumas pessoas amadurecem tardiamente comparando-as com outras. Além disso, as crenças e o modo de enxergar e encarar o mundo difere entre os indivíduos. Mesmo que duas pessoas tenham passado pela mesma situação não é possível afirmar que elas irão adquirir a mesma opinião sobre o acontecimento.
Tendo em vista a divergência de ideias diz-se que tudo é relativo. O que é neste instante, deixa de ser no minuto seguinte. As coisas mudam, pois, além de receber olhares de diferentes pessoas, com pontos de vista variados, os próprios indivíduos mudam.
Platão elaborou uma teoria em que separava dois mundos: o das ideias e o real. O segundo refere-se àquele em que vivemos e todas as coisas vivas e não-vivas presentes nele que passam de meras representações imperfeitas das verdadeiras – que fazem parte do mundo das ideias.
Levando-se em consideração tal hipótese, tudo o que vemos são reflexos daquilo que pensamos, da “coisa real”. Logo, nossas ideias são construídas com base em cópias do objeto do nosso discurso. Isto é, a realidade em que vivemos é apenas uma ilusão.
Mas se tudo o que nos cerca não é real então os sentimentos humanos e até a morte são farsas. É difícil cogitar que tal farsa até hoje não tenha sido desmistificada. O que se pode afirmar é que a noção de realidade difere conforme o ritmo de vida, ambiente e classe social. Entretanto, não quer dizer que a realidade seja uma ilusão, ela apenas varia com o ponto de vista.

3 comentários:

  1. Dizer que a realidade é uma ilusão é extremismo, e não possui lógica. As coisas não são ilusão, e vc pode perceber isso. A questão em discussão é que as coisas existentes não são a essência em si, mas uma manifestação dessa essência, que pertence a um plano ideal. Eu posso dizer o que é dor, e vc pode dizer o que é dor. Mas não podemos ter certeza se a dor que eu sinto é a mesma que vc sente. Mas concordaremos que ela existe. E existindo, ela não é uma ilusão. Relativismo tem limites, é estranho acreditar, mas tem.

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  2. Foi o que eu disse: "Entretanto, não quer dizer que a realidade seja uma ilusão, ela apenas varia com o ponto de vista."

    hehe

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  3. Uma analogia psicológica muito boa, com a qual concordo plenamente. Por mais óbvio que possa parecer a questão do ponto de vista, não são todos que conseguem alcançar essa ideia crua. Gostei muito!

    JÚLIO, TIVE VONTADE DE DAR UM TIRO NA MINHA CARA.

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